26.10.12

Porquê ler livros

Ler um livro não é mais importante que ver, por exemplo, um filme, é apenas diferente. Só que é nessa "diferença" que está tudo, ou quase tudo. Não só a liberdade de leres o livro como quiseres, de trás para diante ou de diante para trás, de voltares ao princípio ou de o fechares e recomeçares a lê-lo no dia seguinte, mas também a liberdade de te leres a ti mesmo nele, de imaginares tu (por mais pormenorizadamente que o autor os descreva) cada personagem, cada lugar, cada acontecimento. E de, nele, viajares, na companhia das palavras do escritor, por mundos reais e imaginários, dentro e fora de ti, que só a ti pertencem, indo e vindo como e quando quiseres entre esses mundos e o teu mundo de todos os dias. Porque, num livro, só aparentemente é o escritor quem conduz a história, na realidade tu é que vais ao volante, a história ou poema que lês é mais teu e dos teus sentimentos e tuas emoções que dos do escritor. De tal modo que, se voltares a ler o mesmo livro passado muito tempo, o livro já se transformou, já é outro, só porque tu também já te transformaste e já és também outro. É por isso que se diz que todos os livros são sempre muitos diferentes livros, tantos quantos as pessoas que os lerem ou tantos quantas as vezes que uma mesma pessoa os ler. E isso é uma coisa maravilhosa, descobrir que nós, com a nossa imaginação e o nosso coração, é que estamos a escrever os livros que lemos.

Maria José Araújo

11.10.12

Compra de votos. Será que existe?





Nas eleições todos nós sabemos que existe a possibilidade de compra e venda de votos. Isso é tão claro que o TSE lança campanhas nos meios de comunicação para que isso não aconteça ou para que as pessoas saibam o que estão fazendo. Saberem que isso é crime é uma coisa, podem até saber, mas que continuam isso está bem claro. Mas o que quero falar não é simplesmente da compra e venda de votos durante as campanhas políticas. Mas a compra de votos feita antes da campanha eleitoral. Isso se descobre depois da eleição verificando o histórico de vida dos eleitos e analisando os critérios que as pessoas usam para escolher o seu candidato. Conversando e entrevistando algumas pessoas a gente descobre que na maioria das vezes o voto é trocado por favores prestados no passado. E algumas declarações são irônicas e sarcásticas. Tão ridículas que o leitor duvidará se existem mesmos pessoas assim.

Vejamos algumas. “Eu voto no enfermeiro X porque ele atende com carinho quando a gente vai lá no postinho” Olha isso é ridículo. O papel do profissional da saúde é atender bem isso não justifica a escolha. Isso seria o mesmo que falar: vou votar no pipoqueiro porque quando a gente compra pipoca ele coloca cinco pipocas a mais. Ou vou votar no borracheiro porque ele troca pneu com carinho. E como seria se o coveiro fosse candidato?

Outros motivos para votar é a troca de favores e os patrocinadores de festas, entenda como festas também a farras e bebedeiras. Voto no taxista porque um dia ele me levou a outra cidade e deixou para que pagasse em trinta dias e nem cobrou juros. Eu voto em siclano porque ele sempre cumprimenta a gente e dá carona. Vou votar no funcionário do INSS ele está ajustando minha aposentadoria. Não sabe o eleitor que ele está fazendo o seu trabalho e aposentar é um direito? Vou votar em fulano porque ele é pobrezinho e precisa de ajuda. Ora se ele precisa de ajuda dê uma cesta básica para ele. Nós precisamos de legisladores que conhecem leis e não de analfabetos na política.

O pior de tudo foi o que ouvi de uma professora. “Vou apoiar fulano porque ele sempre ajuda nas festas da escola” isso é ridículo. Como uma pessoa que é formadora de opinião pode pensar assim. E depois reclama que os professores são desvalorizados. Em poucos momentos ouvi pessoas declararem que votará em candidato que tenha conhecimento de leis, de projetos e com propostas para solucionar os problemas do município.

Numa cidade do Paraná um palhaço foi eleito vereador ele usava em sua campanha a frase “Mas que tonto” será que estava tirando sarro da cara do eleitor. E o pior é que ele foi o mais votado. Como pode isso? No Norte de Mato Grosso um ex-morador de rua foi eleito e declarou que não sabe o que vai fazer na Câmara. Será que os eleitores não questionaram ele sobre suas propostas de trabalho?

Quanto questionamos se o brasileiro sabe mesmo escolher seus representantes alguém grita que estamos exagerando. Mas avaliando os eleitos pelo país dá a sensação que o brasileiro precisa aprender qual a função deste ou daquele cargo eletivo.

Valter Figueira

Professor e escritor reside em Carlinda-MT

8.10.12

Hino a Carlinda


Carlindense sou de coração
Tenho orgulho deste meu chão
Tenho amor a estas lavouras verdejantes
A esse solo tão belo e pujante

Quantas matas, morros e rios,
Quantas benesses que te deu a natureza
Fonte de saúde e vigor de seu povo
Águas cristalinas que goteja toda beleza.

Na aurora seu povo agradece
Um dia de trabalho e progresso
Sem esforço tudo perece
Lutamos! Amamos! Almejamos o sucesso.

Ao crepúsculo o povo se reúne
Para agradecer o cumprido dever
Desta cidade de paz e sossego
Pelo orgulho de aqui viver

Compreendam as demais: Que terra bela!
Onde se houve o canto da Maracanã
Ao longe na trivial bonança
Dessa natureza, bela e mais louçã.

É grande o amor que temos por essa terra
Tão gentil, mãe hospitaleira,
É Carlinda que surge na floresta
Tão alva, forte e alvissareira.

Valter Figueira

8.6.12

Se as escolas fossem jardins

«Si las organizaciones fueran vistes como jardines, los líderes no pueden mandar que crezcan. Tienen que enfrentarse con las impredectibilidad, las factores del entorno, trabajo en equipo y factores de riesgo que suelen caracterizar cuando se trata de desarrollar algo. Los líderes sólo pueden promover el desarrollo por "reorganizar las condiciones e las estructuras"...Para los jardines, estas condiciones son sol, humedad, suelo, nutrientes y temperatura; para las escuelas son tiempo, espacio, materiales, incentivos, formación, colegialidad, respeto, confianza e personal»


Louis, Toole & Hargreaves (1999), citado por Bolívar (s.d)

6.6.12

Pensamento


“A profissão de professor é muito desgastante e exigente. Não pode ser vivida isoladamente. É fundamental falar dos problemas, com os colegas, em diálogo aberto, num quadro de partilha e de colaboração inter-pares. O melhor apoio de um professor é sempre outro professor. Só em ambiente cooperativo conseguiremos ultrapassar as dificuldades. Sem sermos ingénuos, mas com a consciência de que não é possível educar no pessimismo e no descrédito.(…) Se perdermos o sentido humano da educação, perdemos tudo. Só um ser humano consegue educar outro ser humano. Por isso tenho insistido na importância das dimensões pessoais no exercício da profissão docente. Precisamos de professores interessantes e interessados. Precisamos de inspiradores, e não de repetidores. Pessoas que tenham vida, coisas para dizer, exemplos para dar. Educar é contar uma história, e inscrever cada criança, cada jovem, nessa história. É fazer uma viagem pela cultura, pelo conhecimento, pela criação. Uma viagem, para recorrer a Proust, na qual mais importante do que encontrar novas terras é alcançar novos olhares.“



António Nóvoa



30.4.12

A Rua Onze

Trilhos e caminhos suaves são brutalmente trocados por verdadeiros degraus onde a enxurrada das impiedosas chuvas é o moderno engenheiro.
Se houve encanto não saberei dizer, mas ouviam-se cantos vindo de lugares que não eram misteriosos, mas que em muitos metiam medo.
O tempo não foi mais forte que o vento mas fazer esquecer seria tentar realizar o impossível. Ouve-se do vácuo incorrigível dos sons, que outrora poderiam ser ruídos, um choro sem lágrimas. Encontram-se na falta dos suaves caminhos e além das esculturas naturais, ossos sendo corroídos. Ossos que não são do ofício e nem do barão, mas que, sem dúvida, poderiam ser de um amigo fiel.
O que foi um sonhado progresso, hoje se realiza sem progresso, e o sonho, um sonho frustado. Lamentar que ontem sonhamos alto demais é desistir de sonhar por um ideal hoje.
Mentiras foram ditas através das cortinas de água e poeira, quando a verdade se estampava e caminhava na frente dos enganados que se imaginavam espertos.
Invisível não era, pois estava ali e desfilava com um sorriso de vitória fácil. Morrer, ainda não morreu, continua ali resistindo. Sobreviver é preciso, já ouvi esta frase antes, e mais ainda progredir. Parou. O tempo não parou, mas ela sim. Algum dia alguém perguntará porque ela é tão medieval.

O que houve com a rua Onze?

Onde estão os seus freqüentadores indecentes e depois decentes, que eram diferentes e hoje mostram os mesmos semblantes tristes e caminham cabisbaixos?

Valter Figueira
Cronica publicada nos Livros:
" A semente caiu em terra fértil"
"A morte do Xerife"
  

11.4.12

Dia de mentira sem ser dia da mentira


Por Glauco Mattoso

Em se tractando de parlamentares tupiniquins, a mentira não está liberada no primeiro de abril: ella vale em todos os dias (uteis) do anno, seja a quarta-feira de cinzas ou de pauta cheia no plenario. E si a falsa productividade parlamentar ja virou motivo de anecdota no plano federal, nas camaras municipaes é folklorico, faz tempo, o byzantinismo dos vereadores, isso quando chegam a apresentar algum projecto, por exemplo, para baptizar a rua Confluencia da Forquilha (onde ja morou o Lourenço Mutarelli) ou para crear o Dia da Vovó (como si a coitada pudesse ser avó sem ter sido mãe), sendo a mais recente babaquice aquella que tentou instituir em Sampa o Dia do Orgulho Heterosexual. O prefeito até signalizou que sanccionaria tal lei, só para fazer media com a bancada evangelica que a propunha, mas, para não passar vexame, acabou tirando da recta na recta final. Seria engraçado (si não fosse pathetico) assistirmos a commemoração de tal data com uma Parada do Orgulho Masculino, mas a coisa se affiguraria mais tragica si vingasse alguma proposta para a creação do Dia Internacional do Homem, do Dia da Consciencia Branca ou do Dia do Cara Pallida... Affinal, os gays, como as mulheres, os negros ou os indios, teem menos o que celebrar do que o que reivindicar, dahi a necessidade de, pelo menos, uma data de mobilização.
Ora, de vez em quando ouço no radio que (em 30 de septembro) "hoje é o dia do edoso" ou que (em 26 de maio) "é o dia do glaucoma", ou que (em 26 de março) "é o dia do chocolate". Quando accordo de veneta, visto a carapuça e faço um soneto para glosar o motte. Nessas trez occasiões, compuz, nem sempre de bom humor, exemplos que vou mostrando nesta columna. No caso do glaucoma, o soneto ja tinha apparecido no capitulo 27, postado no anno passado. Os outros dois seguem abaixo.

DIA DO EDOSO [4754]

Segundo a millennar sabedoria
judaica, envelhecer não é problema.
"Não seja catastrophico! Não tema!"
Assim diz o rabbino, e sentencia:

"É tempo de colher o que se havia
plantado...", explica o sabio. O estratagema
funcciona quasi sempre, mas o thema
afflige aquella typica judia.

Nervosa, apprehensiva, ella compara
seu caso ao do habitante do deserto,
logar onde ninguem jamais plantara...

Responde-lhe o rabbino: "Mas, bem perto
dalli, na terra fertil, minha cara
senhora, quem plantou colher quiz, certo?"


Quando foi em 14 de março, annunciaram que era o "dia nacional da poesia" por marcar o nascimento de Castro Alves. Não costumo prestar attenção nessas ephemerides natalicias ou mortuarias, mas me fiei na informação e compuz este soneto:


GRATA DATA [5131]

Si tudo vale e tudo tem seu dia,
me alegra que o poeta tambem seja
lembrado, ao menos, quando se festeja
o dia nacional da poesia.

Eu sei que é redundancia, mas queria
ser, como certos sanctos são na Egreja,
saudado, caso alguem que ja não veja
Homero seja, como se associa.

Talvez assim eu fosse, por tabella,
motivo dumas palmas, dum trophéu,
siquer sem fazer parte da panella.

Deixar, por um só dia, de ser réu,
comtudo, em nada ajuda, nem protela
o inferno que me aguarda apoz o céu.

[Attenção! Quaesquer textos assignados por Glauco Mattoso estarão em desaccordo com a orthographia official, pois o auctor adoptou o systema etymologico vigente desde a epocha classica até a decada de 1940.]
Glauco Mattoso (paulistano de 1951) é poeta, ficcionista e ensaísta, autor de mais de trinta títulos, entre os quais as antologias "VÍCIOS PERVERSOS: CONTOS ACONTECIDOS" e "POESIA DIGESTA: 1974-2004", além dos romances "MANUAL DO PODÓLATRA AMADOR: AVENTURAS & LEITURAS DE UM TARADO POR PÉS" e "A PLANTA DA DONZELA".
E-mail: glaucomattoso@uol.com.br

30.3.12

Razões



Não, não é porque já não nos amamos,
sim porque a brisa marítima
já não produz aquela vertigem marina.

Não, não é porque não nos compreendemos,
sim porque o sol não aparece
e os dias são sóbrios e nublados.

Não, não é porque temos diferentes interesses,
sim porque o seu sorriso e seu olhar
deixaram de iluminar meus sonhos.

Não, não é porque há alguém mais em nossas vidas,
sim porque seus sonhos são incompreensíveis
e fizeram naufragar os meus.

Não, não é porque pensamos diferente.
Sim porque seus passos na areia
não chegaram a barca de meu corpo.

Valter Figueira
Do livro "O Anjo Rosa"

24.3.12

Pobre ou humilde? (sobre humildade)



Ao se dirigir a alguma pessoa como o poder aquisitivo menor que o nosso, quando somos o interlocutor, ou pessoas que têm bens e pouco conhecimento, do nosso ponto de vista, sempre preferimos utilizar o termo humilde ao invés do termo pobre. Mas, não provocando os filólogos, há uma grande diferença entre os dois ternos, principalmente no contexto que são usados. Preferimos utilizar a palavra humilde por considerarmos o termo pobre uma palavra de cunho pejorativo e preconceituoso.

Ao ler uma coletânea de ensaios sobre os trabalhos de alguns filósofos incluindo Marx, Adorno, Foucault e Bourdieu. Nos finais dos textos, o editorial da publicação, trazia uma pequena biografia do pensador estudado, e na biografia de um deles está dessa maneira: “Pierre Bourdieu (1930- 2002) Filho de família humilde...” Ora, porque será que o editor não disse que o filósofo vem de uma família pobre? Será que há um preconceito com a palavra pobre? Sabemos que grandes nomes da humanidade tem origem pobre, porque não usar esse termo. Na mesma revista aparece a biografia de Carl Marx que era pobre e sustentado por amigos, mas isso não aparece.

No livro “Pequeno tratado das grandes virtudes” o filósofo André Comte-Sponvilli descreve a humildade como uma virtude humilde e que as vezes não é classificada como virtude. Uma vez que ser humilde é aceitar os erros e considerar alguém ou algo maior que o eu. Assim ela passa a ser uma virtude dos que se ajoelham e aceitam o seu destino. Spinoza diz que a humildade é uma tristeza nascida do fato de o homem considerar sua impotência ou sua fraqueza. Se a humildade é uma tristeza, então não é uma virtude é um estado de alma.

Aristótoles coloca a humildade como baixeza ou pequenez “Ser baixo é privar-se daquilo de que é digno, é desconhecer o seu valor real, a ponto de se interditar qualquer ação um pouco elevada, por nunca se acreditar capaz dela.” Para Bernard Poutrat baixeza é fazer de si, por tristeza, menos caso do que seria justo.

Neste tempo em que os programas de auto ajuda proliferam será que o terno ou a virtude humildade vem sendo empregado de forma correta? Lembrando que a baixeza nasce da humildade. Quando a humildade se torna baixeza entramos num círculo vicioso e perigoso dando razão ao que diz Kant “quem se transforma em minhoca não deve queixar-se depois, de ser pisado.” A humildade também pode ser o ato de deixar que pisem em nosso ego. Muito cuidado, diversas sabedorias religiosas nos levam a transformar em minhocas.

Em relação a isso Nietzsche rebate “A minhoca se enrola quando pisamos nela. Isso encerra muita sabedoria. Com isso, ela diminui a possibilidade de que tornem a pisar nela. Na linguagem moral: humildade.” Essa é, ao meu ver, uma inteligente definição de humildade. Aceitar o erro para não tornar as coisas piores. Mas também não pode ser usada em todas as ocasiões. É claro que não posso aceitar uma argumentação de uma autoridade legislativa desprovida de conhecimento num assunto que estudei para discutir. Nesse caso e em outros nunca serei humilde. Ou melhor, isso não é humildade e sim aceitar a opinião simplesmente porque o outro detém um título.

A humildade é um saber antes de ser uma virtude. Mais vale se depreciar do que se enganar. Santo Agostinho completa “Onde está a humildade está também a caridade.” Se a caridade é para os humildes então podemos dizer que a humildade pertence aos pobres. Mesmo assim não podemos utilizar a humildade como baixeza.

O termo pobre define a ausência de algo. Aquele que não tem o necessário a vida. Se for assim, podemos dizer que os brasileiros que se encontram na linha da pobreza não dispõe do necessário para a vida? Estão morrendo? Isso é outro erro. Mas porque em alguns casos utilizamos o terno pobre, e não preferimos o termo humilde. Ex. Esse texto está humilde de informação. Ele é humilde de espírito.

Para afirmamos que o filósofo estudado veio de uma família humilde, o autor do ensaio teria que pesquisar muito mais do que as posses da família. Já que no texto a humilde significa pobre porque não usar família de poucas posses?

Eu vim de uma família pobre, de pouquíssimas posses, mesmo assim não considero totalmente humilde. Porque acredito que ser humilde não é virtude apenas de quem tem poucas ou nenhuma posse. Posso afirmar que não me transformei na minhoca de Kant. Mas com certeza usei a comparação da minhoca feita por Nietzsche. E em minha biografia colocarei que vim de uma família pobre. Agora humildade mesmo é reconhecer que necessitamos de mais conhecimentos e estudar. Estude para não cair na baixeza, e ser um pobre de conhecimento.

Valter Figueira 

13.3.12

As leis e a (falta de) Educação


No Brasil para maquiar a falta de educação do povo criam-se leis e proibições. Talvez exagero em dizer que é falta de educação, da educação vinda de casa e da educação enriquecida com a participação do indivíduo na escola. Mas não há exagero em afirmar que a maioria dos acidentes, vias de fatos o que ocasionam um aumento nas filas dos hospitais públicos, seriam evitados se a população, ou alguns sujeitos da população, tivesse um pouco mais de conhecimento.

O fato de ter conhecimento, adquirir ou construir conhecimento, requer uma mudança de postura e mudança de atitude. Quando o governo lança uma campanha, por todos os meios de comunicação possíveis, objetivando a conscientização da população ou uma parcela dela, se não houver uma mudança de atitude dessa população podemos afirmar que não houve conscientização.

Todos nós sabemos que a ingestão de bebidas alcoólica compromete nossos movimentos, equilíbrio e nosso reflexo. Com isso nos deixa a mercê do perigo iminente quando estamos ao volante de um veículo. Ao prestarmos exames para a habilitação somos alertados disso. Apesar de termos o conhecimento persistimos em fazer o errado. Somos demagogos, ou adeptos do triste e ignorante ditado de que leis e regras foram feitas para serem descumpridas?

Por sermos não cumpridores das regrais morais da sociedade é que se criam leis punitivas para aqueles que sabem o que é o correto e teimam em continuar fazendo o errado. Seria necessário uma lei como a “Lei seca” se fossemos corretos? É claro que os que persistem no erro devem ser punidos. E esses “erros” no trânsito são cometidos conscientemente. Então não são erros, são crimes.

Na escola falamos que “aprendemos ao buscar soluções para nossos erros” no trânsito não dá tempo para refletir sobre os erros, vidas são ceifadas e corpos aleijados, tem que pensar antes.

É inaceitável que alguém envolvido num acidente de trânsito se recuse a fazer o teste do bafômetro. Ora só o fato dele estar ao volante de um veículo, requer que ele obedeça algumas regras e leis – estar habilitado e em condições de dirigir, o carro com documentos em dias, etc – isso inclui não ter ingerido bebida alcoólica antes e durante o tempo de condução do veículo. Mas existe uma brecha nas leis que muitos se valem dela “o cidadão não pode produzir provas contra si mesmo”. O acidente em si já não é uma prova do erro? Da mesma forma que as leis existem para corrigirem os erros, acabam contribuindo para fugir de algumas punições.

Assim como o existe o teste para verificar se o atleta usou drogas, existe o teste do bafômetro para o motorista. E ele ao ser parado numa barreira policial deveria ser obrigatório realizar o teste. Quando há a recusa logo imaginamos que tem culpa.

Afinal de contas para quem é a lei seca? Os motoristas que tem conhecimento dessa “brecha” se esquivam do bafômetro e aqueles que não tem conhecimento acabam sendo corretos e levando as maiores punições, até encontrarem outra forma de fugir dela. Quantos estão na prisão pagando penas por crimes cometidos no trânsito? Qual o nível de escolaridade deles? E qual classe econômica eles fazem parte?

É um direito do cidadão brasileiro alcoolizado negar que está bêbado? Sim é um direito. Assim como é direito do cidadão viver em paz, e essa paz não ser interrompida por um bêbado.

Valter Figueira

23.2.12

O caso Eloá e a educação


A mídia tem dado uma atenção, talvez exagerada, ao caso da morte da adolescente Eloá Pimentel. Mas o que quero neste texto é tentar analisar o porque isso acontece e poderá acontecer novamente em nossa sociedade. Numa divisão cronológica analisarei o caso em dez pequenos itens sendo: A arma; O namoro: A invasão; O cárcere privado; A ameaça: A intimidação: O assassinato; A prisão; O arrependimento; A condenação.

A Arma. Quando questionado da necessidade de estar armado na ocasião, Lindemberg Alves declarou que a arma seria necessária uma vez que estava recebendo ameaças de morte pelo telefone. Bem, levando em conta que a profissão dele era transportador de documentos, ou motoboy, quais riscos ele estaria correndo? A não ser que estivesse envolvido em algo ilícito. Mas uma pessoa que anda armada, com autorização da justiça que não era o caso dele, não fica apontando a arma aos amigos. Se fosse assim, como seria a vida social dos policiais, se a cada vez que encontrar alguém apontasse a arma? A arma em seu poder tinha o motivo de mostrar a alguém o que ele era capaz de fazer se não atendesse seu desejo.

O Namoro. Existia uma relação amorosa entre eles. Mas deve-se levar em conta o que significa um namoro para uma adolescente de 15 anos, ou menos no caso da Eloá, e que frequentando a escola amplia muito a relação social e assim a oportunidade de conhecer e comparar o caráter e a personalidade de outros jovens. O assassino não compreendeu que as relações têm início e certamente terão fim se não forem alimentadas por momentos agradáveis e com muito amor. Ele não aprendeu que as paixões tendem a esfriar, e quando isso acontece, devemos dar um fim e recomeçar. E foi esse o desejo de Eloá, que ele honestamente deveria aceitar e seguir sua vida.

A invasão. Lindemberg não foi convidado a participar da reunião na casa de Eloá. Ora, nesse horário ele deveria estar trabalhando. Se ela não queria ele por perto, também não desejava que ele aparecesse no momento em que estavam estudando. Ainda mais com uma arma na mão ameaçando todos. A invasão da casa mostra um quadro de ciúme. O que será que estão fazendo lá dentro? Essa é a primeira desconfiança de quem não confia no outro e sofre com o ciúme. Mas que traição a Eloá poderia cometer se para ela o relacionamento não existia mais? E aqui que começa aquele sentimento de posse e desejo de matar “Se ela não for minha, não será de mais ninguém”.

O Cárcere privado: Depois que invadiu a casa, mostrou que era poderoso apontando a arma, ameaçando matar a todos. O assassino percebeu que tinha cometido um erro e não poderia voltar atrás. Voltar atrás seria como mostrar fraqueza diante de sua amada (nesse momento não existia mais amor em seu coração, apenas ódio) e ele não queria. Para ele tudo levaria em acabar com a vida de sua ex-namorada para defender a sua honra. Não aprendeu ele que uma pessoa defende sua honra quando respeita os outros e respeita a vida.

A ameaça: Durante os momentos em que esteve com a arma apontada para Eloá e os amigos ameaçando-lhes a vida, desejava matar. Em nenhum momento ameaçou se suicidar se as coisas não desse certo. Isso seria uma demonstração de fraqueza, e ele deveria mostrar que era forte e seu desejo era uma ordem expressa.

Os tiros: intimidação. Qual era o seu desejo quando atirou contra os policiais? Mostrar que tem coragem de atirar? Mostrar que não estava brincando? Mais uma vez ele demonstra que era forte com uma arma na mão. Sim era perigoso. Por isso os policiais mantinham a uma distância segura. Mas ao mesmo tempo Lindemberg demonstrava desespero. Atirar contra policiais, ou outras pessoas que estavam ali, é um erro maior do que atirar contra parede e ele sabia disso.

O Assassinato: Lindemberg matou Eloá devido a invasão dos policiais? Bem é isso que ele disse em sua defesa. Mas se ele estava ameaçando matar ela desde o começo, certamente a invasão dos policiais apenas antecipou os tiros certeiros. Ele sabia que cometeu vários crimes, e sabia que seria preso. E na prisão ele não aguentaria ver Eloá livre e nos braços de outro. Se não terminasse com a vida dela ali, seria um fracassado, e certamente acabaria com a vida dela depois de sair da prisão.

A prisão: O assassino sabia que só sairia do apartamento invadido preso ou num conflito com a polícia seria morto. Então decidiu sair calado e sem reagir. Mas por que ele se manteve calado durante o tempo em que esteve preso? Uma estratégia? Parece-me que ele tem conhecimento do sistema judiciário e que qualquer coisa que falasse em sua defesa seria analisado e criticado pela mídia.

O arrependimento. Até parece cômico uma pessoa em sã consciência fazer o que ele fez e depois pedir perdão para a mãe da vítima. Ele teve oportunidades de se arrepender antes de assassinar e não fez. A mãe deve perdoá-lo? Levando em consideração a religiosidade das pessoas e para que não nos tornarmos um coração magoado, acredito que seja possível o perdão.

A condenação. Indiferente se a mãe de Eloá perdoar o assassino ou não, a justiça não deve perdoar. A condenação foi justa? Noventa e oito anos em regime fechado, tendo que cumprir apenas trinta é uma condenação justa pelos crimes que cometeu? Lembrando que ele já está trabalhando para diminuir sua pena. Certamente cumprirá apenas 25 anos. E quem pagará a conta da manutenção dele na cadeia? Nós com nossos impostos. Não esquecendo que para manter um preso na prisão o Estado gasta duas vezes o valor de uma criança na escola.

De quem foi o erro na educação desse jovem? Os pais? A sociedade? A escola? Ele sabia a diferença entre o certo e o errado. Sabia a diferença entre o bem e o mal. Tinha todo direito de escolher um caminho. Escolheu errado. O caminho escolhido interrompeu o caminho de outros. O que seria necessário ensinar as crianças para que isso não volte a acontecer novamente? Ética? Cidadania? Respeito a vida? Amor ao próximo? Ou simplesmente amor?

Valter Figueira

22.2.12

Veja como podemos ficar se evoluir – mos para enfrentar os efeitos da poluição

Como poderemos ficar no futuro, seguindo o modelo evolucionista de Darwin para adaptarmos as mudanças climáticas e a poluição. Essa previsão foi publicada no século passado, ela conta como o ser humano vai evoluir para sobreviver em um mundo de alta concentração de toxinas e poluição. A publicação foi feita originalmente na antiga União Soviética e os créditos são do Dr. W. S.Goker.
Será que vamos ter que evoluir para sobreviver em um mundo de alta concentração de toxinas e poluição? Ou conseguiremos dar um jeito de reverter a situação? Bom, como não vemos muitos progressos nessa área, vamos tentar entender como poderemos ser no futuro: Eu hem? Cruz credo, prefiro preservar a natureza.






1. Olhos. A fim de suportar o contato com substâncias poluentes na atmosfera, o olho humano será menor, semelhante ao do porco. Uma membrana transparente (que agora pode ser encontrado no canto interno do olho), será maior e irá servir como uma segunda pálpebra.
2. Nariz. Aumentará de tamanho e terá um sistema de compartimentos e filtros para melhor limpar o ar. Pela mesma razão, os pêlos do nariz se tornarão mais densos e longos.
3. Pulmões. Aumentará de tamanho e vai ser mais ligado ao sistema circulatório, o que permitirá a extração do ar de uma pequena quantidade de oxigênio.
4. Fígado. Sua capacidade de limpar o sangue vai aumentar drasticamente se tornando mais eficaz na filtragem de substâncias venenosas.
5. Pele. Torna-se mais brutal, com áreas de calcificação para evitar queimaduras de poluentes químicos na atmosfera.
6. Apêndice. Deixam de ter uma função superficial, ajudando a transformar todo tipo de vegetal em alimento (uma vez que a carne se tornará imprópria para consumo devido à poluição).
7. Estrutura óssea. Será mais frágil e mais leve, devido à relativa falta de vitamina D (redução da quantidade de luz solar e má alimentação).
8. Cabelo. Desaparecerá devido a um forte aquecimento global.
9. Orelhas. O aumento da poluição sonora irá conduzir à formação de dobras nas orelhas, tornando-as mais semelhantes ao cão. Uma pessoa poderá levanta-las para ouvir melhor e abaixa-las para reduzir o ruído de fluxo.
10. Temperamento. O homem vai ser um pouco louco. Isto será, devido à presença de substâncias tóxicas nos produtos alimentares (que conterá uma alta percentagem de mercúrio).
11. Aparelhos respiratórios. Imediatamente após o nascimento, o homem precisará de uma unidade especial de respiração, que irá ajudá-lo à sobreviver às primeiras semanas de vida.
12. Rins. Vai adquirir uma nova função – a extração de água da urina e conservação de água no organismo. Em vez de fluído, a pessoa vai urinar uma espécie de purê, composto de ácido úrico e substâncias tóxicas.
Ainda bem que não viveremos até que essas mudanças possam acontecer, se é que Darwin estava certo e realmente isso acontecerá, mas o melhor jeito mesmo é diminuir os efeitos da poluição desde já.

19.2.12

Lei da palmada (mais uma lei?)

No final do ano passado foi aprovada pelos nossos legisladores nacionais a Lei da Palmada, mais uma lei punitiva para controlar os cidadãos nesse chamado “país democrático”. Sim é mais uma lei dentre outras que existem e não são cumpridas, principalmente por aqueles que deveriam, e por aqueles que fazem leis.
Não sou contra a Lei da Palmada: “PROJETO DE LEI Nº 2654 /2003 da Deputada Maria do Rosário, Dispõe sobre a alteração da Lei 8069, de 13/07/1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e da Lei 10406, de 10/01/2002, o Novo Código Civil, estabelecendo o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, ainda que pedagógicos, e dá outras providências.” Mas como a própria lei diz que já está estabelecido no Estatuto da Criança do e Adolescente (ECA), então é só fazer cumprir.
Até parece que em nosso país se fazem leis para não serem cumpridas e depois fazem novas leis punitivas para aqueles que não cumprem. Não haveria necessidade de uma nova lei punitiva aos pais que agridem os filhos se eles cumprissem o que reza o ECA e que os pais aprendessem o que é certo e errado na educação dos filhos. Podemos afirmar então que o que está em falta é educação, fazer com que o cidadão seja honesto, ético e respeitar a vida.
Essa Lei é a prova do nível baixíssimo dos nossos "nobres" deputados. Proibir ou não as palmadas, é como discutir se proíbe ou não atirar com arma, ou qualquer outro meio violento. É mais uma lei punitiva e desnecessária. Antes disso é primordial discutir os motivos dessa atitude. Quais as principais dificuldades que os pais estão encontrando para educarem seus filhos. Prover as famílias de recursos psicológicos, pedagógicos e econômicos seria mais sensato e teria muito mais resultados positivos do que apenas punir.
Se analisarmos bem, a falta de condições dos pais em educar e participar mais do crescimento de seus filhos vem da falta de recursos econômicos. Os pais têm que trabalhar fora deixando de acompanhar da vida escolar e afetiva de seus filhos. Se recursos federais fossem direcionados para melhorar a educação e que fossem realmente aplicadas, melhoraria de forma significativa essa situação. Infelizmente há os desvios de verbas que se destinam a saúde e educação que são primordiais para a preparação do cidadão para viver em família e respeitar o outro.
Os deputados deveriam se preocupar em aprovar a lei que proíbe a corrupção, a fome, o desemprego, a falta de educação, uma lei que não permitisse que eles aumentassem os próprios salários, que eles tivessem que trabalhar, que proibisse a má gestão dos recursos originados de impostos, uma lei que proibisse crianças de rua e muitas outras.
Está mais do que provado que as leis punitivas, muitas vezes não elimina a possibilidade de acontecer novamente. A proteção às crianças e adolescentes se dará com projetos e ações preventivas. O que acontecerá com os pais punidos por praticarem tais atos? Nos casos mais graves serão presos. E cadeia não significa correção e aprendizado. Então o que fazer? Projetos e ações que trabalham com a família, que preparam os pais para não cometerem “erros” na educação e não precisar usar “corretivos”, que usem o diálogo e o bom senso para manter a harmonia na família.

Valter Figueira – Professor e escritor, reside em Carlinda –MT

7.2.12

Roteiro para ensinar a quem não quer

Ensinar a quem não quer é uma das missões impossíveis do professor. Porque o professor não pode aprender em vez do aluno. Porque o verbo aprender não suporta o imperativo. Porque aprender é um acto que pressupõe a vontade. Que fazer, então, num tempo em que muitos alunos parecem ter “perdido” a vontade de aprender? Enuncio, de seguida, um roteiro possível para acender a vontade, organizado segundo diversas variáveis, procurando sistematizar o que se "sabe" sobre a arte e a ciência da motivação e da implicação dos alunos nas tarefas escolares:

A. Currículo e programas
1. Ajustar o currículo aos contextos sociais e culturais locais
2. Relacionar os conteúdos com os contextos de vida dos alunos
3. Evidenciar a empregabilidade social e pessoal dos conhecimentos
4. Relevar a importância das aprendizagens emocionais, relacionais, cognitivas para a vida
5. Colocar o currículo e o programa ao serviço das aprendizagens dos alunos
6. Incorporar as inteligências múltiplas no desenvolvimento do currículo

B. Missão do professor
7. Criar oportunidades de aprendizagem para cada aluno
8. Recriar o currículo e o programa em função dos alunos
9. Descobrir os “detonadores” da motivação intrínseca de cada aluno
10. Usar o programa para que os alunos aprendam
11. Usar a avaliação para que os alunos aprendam mais
C. Agrupamento de alunos
12. Flexibilizar o agrupamento de alunos (grupos temporários de nível, grupos de interesse similares, grupos heterogéneos)

D. Gestão do tempo
13. Adequar o tempo às necessidades de cada aluno (no campo das aprendizagens, no campo da avaliação…)

E. Cumprimento de regras
14. Clarificar as regras básicas da convivência escolar
15. Implicar os alunos na construção dessas regras
16. Difundir massivamente essas regras para que sejam conhecidas e interiorizadas
17. Tornar claro que as acções dos alunos têm consequências e que ninguém é inimputável
18. Adoptar o princípio da tolerância zero em relação à violência
19. Construir, afirmar e valorizar a autoridade que preza o outro

F. Organização e gestão do espaço
20. Diversificar a disposição do espaço em função da actividade a desenvolver (mesas em filas, em U, em círculo, em pequenos grupos, face a face…)
21. Circular pelo espaço, gerir múltiplas interacções, observar o trabalho dos alunos em contexto de sala de aula (o professor como organizador de situações de aprendizagem)

G. Métodos e técnicas de ensino
22. Diversificar os métodos de ensino (dentro de cada aula, de aula para aula): breves exposições, trabalho de pares, trabalho individual, trabalho de projecto, breves debates, trabalho de pesquisa, …)
23. Recorrer pontualmente à tutoria entre alunos
24. Criar oportunidades para que os alunos escrevam a sua vida (e a partilham quando quiserem)
25. Organizar situações de aprendizagens dentro e fora da sala de aula que sejam distintas e situadas na “zona de desenvolvimento próximo” de cada aluno (suficientemente exigente, não fácil, mas não situada numa “zona” que o aluno não possa realizar)
26. Ligar o ensino à vida

H. Relação pedagógica
27. Gostar do outro (gostar das pessoas que moram nos alunos)
28. Escutar os alunos
29. Acreditar que todos os alunos podem aprender
30. Criar oportunidades para que cada aluno tenha (pequenos) sucesso
31. Celebrar os pequenos sucessos
32. Dar feedback frequente e orientador
33. Conhecer o percurso escolar de cada aluno
34. Conhecer o contexto de vida dos alunos
35. Inspirar os alunos para que se auto-motivem
36. Gostar da matéria que lecciona
37. Respeitar as singularidades e as diferenças
38. Exigir na medida máxima do possível

I. Relação escola-família
39. Usar o “TPC” para implicar a família na valorização da escola
40. Contratualizar as regras básicas da escolarização
41. Convocar a família (também pelos bons motivos)
J. Modalidades de avaliação
42. Privilegiar a avaliação formativa e formadora ao serviço das aprendizagens
43. Usar a avaliação sumativa e a classificação para estimular os alunos
44. Encontrar sempre no que aluno realiza algo que possa ser valorizado

K. Instrumentos de avaliação
45. Diversificar os instrumentos de avaliação (prova oral, prova experimental, prova escrita, projectos de diversa natureza…)
46. Reconhecer que o uso predominante dos testes escritos cria diversas injustiças escolares e gera insucesso nos alunos menos competentes nesta área.

Publicado no blog Terrear

6.2.12

Eu sou lindo.


O título deste texto é uma afirmação. Uma demonstração de auto-estima e não de culto ao corpo. Mas vamos ao que interessa. Quando chego na sala de aula sempre falo para meus alunos que agora eles terão aulas com o professor mais bonito da escola. Falo isso e fico ouvindo suas exclamações, que são as mais diversas como: “É nada!” “professor mais bonito é fulano” “aqui não tem professor bonito só professoras bonitas” E assim vai. Então eu complemento dizendo. – É claro que sou bonito, minha mãe disse isso e acredito nela. As respostas são as seguintes: “Sua mãe disse isso para você não ficar triste.” “ todas mães amam seus filhos e acham eles bonitos.” “As mães são assim mesmo, tem orgulho de seus filhos”.
Acredito que até aqui conseguimos sentir uma ponta de bons relacionamentos entre mães e filhos. Para extrair mais de meus alunos uso um pouco do que meu amigo P.H. Xavier chama de maiêutica socrática disfarçada. Lanço a seguinte pergunta. Suas mães não acham vocês bonitos?  Nesse caso quase todos concordam. Digo quase porque ouvi uma resposta de uma menina que me deixou triste e com uma pulga atrás da orelha. Ela respondeu o seguinte: “Minha mãe diz que sou uma puta!” ( O leitor me desculpe pelo palavrão. Não encontrei outra palavra que significasse o mesmo e que não tirasse a originalidade da frase dita pela criança). É claro que nesse momento fiquei sem ação. Estava diante de uma clara demonstração da forma errada de educar os filhos.
O que leva essa mãe a falar isso para uma filha? Não estamos falando de uma adolescente rebelde e sim de uma criança de 11 anos.  Talvez a mãe tenha chegado a essa conclusão devido as roupas usadas pela pré-adolescente? Talvez pelo desejo de usar maquiagens? Isso não dá suporte para que a mãe chegue considerar o que disse para sua filha.
Meu amigo P.H. Xavier considera isso despreparo dessas pessoas em ser mãe e pai, e que seria necessário ter cursos de como educar crianças direcionados para todos os adolescentes, antes mesmos de serem pais. Talvez isso mudaria muito o pensamento e cuidados para evitar a gravidez e a transmissão de doenças.
Enquanto professor, tomamos muito cuidado com o que falamos em sala, para não ferir o ego das crianças e para não destruir seus sonhos. Sempre colocamos que é possível realizar seus sonhos. Percebo que o comportamento das crianças na sala de aula refletem muito o que ela aprende em casa. No caso dessa menina, qual seria o seu sonho? Ser aquilo que a mãe afirmou? Augusto Cury afirma que as crianças vivem aquilo que vivenciam em casa. Por isso que acredito que muitos pais precisam de preparação.
Como preparar os pais para serem pais? Fazendo com que retornem para as escolas? Acredito que com profissionais adequados e com bons projetos, nossos governantes provocariam uma grande mudança e não teríamos grandes problemas futuros.
Valter Figueira – Professor e escritor
www.valterfigueira.blogspot.com

28.1.12

Estamos ficando loucos e burros?

Num dia desses o Jornalista Carlos Nascimento comentou no inicio da apresentação do Jornal na Tv o seguinte: “Estamos ficando cada vez mais burros? A mídia ficou mais de uma semana passando e comentando sobre um suposto estupro, e uma simples frase, correta por sinal cria uma celebridade na internet. O que é isso?”
Ele estava comentando sobre o caso ocorrido no BBB12 (que não assisto por achar que agride culturalmente o ser humano ) e a frase “Estamos todos aqui, menos Luiza, que está no Canadá”. Em certa parte o jornalista está certo, o que estaria por trás desses acontecimentos para tanta visibilidade? Certamente a dificuldade do povo de filtrar e compreender as informações que recebem. Sabemos que 30% da população  brasileira sofre daquilo que denominamos  analfabetismo funcional, ou seja,  não consegue compreender aquilo que lê, ou aquilo que houve ou assiste. Como explicar a aceitação de um refrão (porque não considero música) de cunho apelativo sexual “Ai se te pego”.  Parece um “bando” de inocentes que cantam, dançam e não compreendem o que estão falando.
A televisão e a internet estão lotadas de coisas inúteis, é claro que não podemos generalizar, tem programação boas na Tv e idem na internet. Nem os programas de humor estão se salvando. Fui assistir um deles e o que vi foi ridículos comentários sem graça sobre imagens da TV e da Internet, acabou a criatividade. E muitos são considerados, não sei por quais mentes, como programa cultural.
O poder aquisitivo da população brasileira está crescendo, isso é bom. Estamos nos transformando numa sociedade consumista. Mas sabemos como consumir com dignidade para que não transformarmos numa população sem cultura?
Valter Figueira – Professor e escritor

27.1.12

FRASES

"Viver das aparências é querer fazer uma viagem com um carro sem gasolina." (A. Huxley)

"A entrada para a mente do homem é o que ele aprende, a saída é o que ele realiza. Se sua mente não for alimentada por um fornecimento contínuo de novas idéias, que ele põe a trabalhar com um propósito, e se não houver uma saída por uma ação, sua mente torna-se estagnada. Tal mente é um perigo para o indivíduo que a possui e inútil para a comunidade.” (Jeremias W. Jenks)

 Podemos enganar alguns por todo tempo, todos por algum tempo, mas não podemos enganar todos por todo tempo. (Abraham Lincoln)

"Grande parte das boas obras do mundo foram praticadas por pessoas medíocres que fizeram o melhor que podiam." (George F. Hoar)

"No caráter, na conduta, no estilo, em todas as coisas, a simplicidade é a suprema virtude." (Henry Wadsworth Longfellow)

"A verdadeira riqueza não consiste em ter grandes posses, mas em ter poucas necessidades." (Epicuro)

19.1.12

Sobre a leitura

"A escrita, ou a arte, para ser mais abrangente, cumpre funções que mais nenhuma área consegue cumprir. (...) Sinto que há poucas experiências tão interessantes como quando se lê um livro e se percebe "já senti isto, mas nunca o tinha visto escrito", procurar isso, ou procurar escrever textos que façam sentir isso, é uma das minhas buscas permanentes. Trata-se de ordenar, de esquematizar, não só sentimentos como ideias que temos de uma forma vaga mas que entendemos melhor quando os vemos em palavras. Trata-se também de construir empatia: através da leitura temos oportunidade de estar na pele de outras pessoas e de sentir coisas que não fazem parte da nossa vida, mas que no momento em que lemos conseguimos perceber como é. E isso faz-nos ser mais humanos. Na leitura e na escrita encontramo-nos todos naquilo que temos de mais humano. "


José Luís Peixoto, in 'Diário de Notícias (2003)