22.12.11

DEMOCRACIA???

Disse José Saramago, sobre a falsa democracia em que vivemos:

 Tudo se discute neste mundo, menos uma única coisa: não se discute a democracia. A democracia está aí como uma espécie de santa no altar, de quem já não se esperam milagres mas que está aí como uma referência, uma referência: a democracia! E não se repara que a democracia em que vivemos está sequestrada, condicionada, amputada, porque o poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se, na esfera política a tirar um governo de que não se gosta e a pôr um outro de que talvez se venha a gostar. Nada mais. As grandes decisões são tomadas numa outra esfera e todos sabemos qual é: as grandes organizações financeiras internacionais, os FMIs, a organização mundial do comércio, os bancos mundiais, a OCDE, tudo isso. Nenhuma dessas organizações é democrática e, portanto, como é que podemos continuar a falar de democracia se aqueles que efectivamente governam o mundo, não são eleitos democraticamente pelo povo? Quem é que escolhe os representantes dos países nessas organizações? Os respectivos povos? Não! Onde está, então, a democracia?”

19.12.11

Pescoço de galinha


Parece um pouco estanho o título desse texto. Mas eu quero falar de amor. Principalmente de amor de mãe. Antes disso faço uma pergunta simples ao leitor. Se você tiver a oportunidade de escolher um pedaço daquela galinha suculenta de domingo, qual escolheria? Para as pessoas que indaguei a parte do pescoço ficou em último lugar.  Minha mãe, uma mulher simples e de pouco estudo, não tem o costume de dizer que ama aos filhos. Talvez por ter sido educada longe das novelas mexicanas. Mas ela demonstrava isso em suas atitudes principalmente em doar-se aos filhos. Lembro que em casa nos finais de semana tinha galinha na panela, e na mesa, ela escolhia o pescoço para o seu prato. Ela sabia que aquele pedaço seria rejeitado ou ficaria para o final. Esse antecipar era a forma demonstrativa de amor. Quantos pais não oferecem a parte mais suculenta a prole e mesmo assim os filhos querem mais. Faça uma reflexão. Qual pedaço do frango, peru você escolhe? Nos Natais os filhos esperam presentes, e esquecem que durante o ano todo ele já foi presenteado e nem percebeu. Quantas vezes os pais deixaram de comer, comprar ou fazer algo para que os filhos usufruíssem daquilo? Pense nisso quando for pedir um presente no Natal.
Feliz Natal a todos!
Valter Figueira – Professor, poeta e prosador

17.12.11

Aula de Matemática


Problema nº1
Um professor trabalha 5 horas diárias, 5 salas com 40 alunos cada. Quantos alunos ele atenderá por dia?
Resposta: 200 alunos/dia.
Se considerarmos 22 dias úteis, quantos alunos ele atenderá por mês?
Resposta: 4.400 alunos por mês.
Consideremos que nenhum aluno faltou (hahaha) e que cada um deles resolveu pagar ao professor com o dinheiro da pipoca do lanche: 0,80 centavos, diárias. Quanto é a fatura do professor por dia?
Resposta: 160,00 reais diários.
Se considerarmos 22 dias úteis, quanto é faturamento mensal do mesmo professor?
Resposta: No final do mês ele terá faturado R$ 3.520,00.

Problema nº2
O piso salarial é 1.187 reais, para o professor atender a 4.400 alunos mensais. Quanto o professor fatura por cada atendimento?
Resposta: aproximandamente R$ 0,27.
(vixe, valemos menos que o pacote de pipoca)... continuando os exercícios...

Problema nº3
Um professor de padrão de vida simples, solteiro e numa cidade do interior, em atividade, tem as seguintes despesas mensais fixas e variáveis:
Sindicato: R$12,00 reais
Aluguel: R$350,00 reais (pra não viver confortável)
Agua/energia elétrica: R$100,00 reais (usando o mínimo)
Acesso à internet: R$60,00 reais
Telefone: R$30,00 reais (com restrições de ligações)
Instituto de previdência: R$150,00 reais
Cesta básica: R$500,00 reais
Transporte: a pé
Roupas: promocionais
Quanto um professor gasta em um mês?
Total das despesas: R$1202,00
Qual o saldo mensal de um professor?
Saldo mensal: 1187,00 – 1202,00 = R$ -15 reais, passando necessidades...

Pergunta-se:
- Quanto dinheiro o professor terá para seu fim de semana?
- Quanto o professor poderá gastar com estudos, livros, revistas etc.?
- Quanto vale o trabalho de um professor??
- Quanto isso é bom para o aluno???
- Quanto isso é bom para a educação pública do Brasil??
Postem suas respostas, leitores!

Retirado do Blog  Sala dos Professores

3.12.11

Nota da CNBB sobre o Código Florestal



O Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos bispos do Brasil - CNBB, reunido nos dias 29 e 30 de novembro de 2011, vem manifestar sua preocupação com a possível aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de reforma do Código Florestal brasileiro. Já aprovado nas devidas Comissões do Senado Federal, o novo Código Florestal, tão necessário ao Brasil, embora tenha obtido avanços pontuais na Comissão do Meio Ambiente, como um capítulo específico para a agricultura familiar, ainda carece de correções.
O projeto, ao manter ocupações em áreas ilegalmente desmatadas (Artigos 68 e 69) e permitir a recuperação de apenas metade do mínimo necessário para proteger os rios e a biodiversidade (Artigos 61 e 62), condena regiões inteiras do país a conviver com rios agonizantes, nascentes sepultadas e espécies em extinção. Sob o pretexto de defender os interesses dos pequenos agricultores, esta proposta define regras que estenderão a anistia a quase todos os proprietários do país que desmataram ilegalmente.
O projeto fragiliza a proteção das florestas hoje conservadas, permitindo o aumento do desmatamento. Os manguezais estarão abertos à criação de camarão em larga escala, prejudicando os pescadores artesanais e os pequenos extrativistas. Os morros perderão sua proteção, sujeitados a novas ocupações agropecuárias que se mostraram equivocadas. A floresta amazônica terá sua proteção diminuída, com suas imensas várzeas abertas a qualquer tipo de ocupação, prejudicando quem hoje as utiliza de forma sustentável. Permanecendo assim, privilegiará interesses de grupos específicos contrários ao bem comum.
Diferentemente do que vem sendo divulgado, este projeto não representa equilíbrio entre conservação e produção, mas uma clara opção por um modelo de desenvolvimento que desrespeita limites da ação humana.
A tão necessária proteção e a diferenciação mediante incentivos econômicos, que seriam direcionados a quem efetivamente protegeu as florestas, sobretudo aos agricultores familiares, entraram no texto como promessas vagas, sem indicativo concreto de que serão eficazes.
Insistimos que, no novo Código Florestal, haja equilíbrio entre justiça social, economia e ecologia, como uma forma de garantir e proteger as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas e de defender os grupos que sabem produzir em interação e respeito com a natureza. O cuidado com a natureza significa o cuidado com o ser humano. É a atenção e o respeito com tudo aquilo que Deus fez e viu que era muito bom (cf. Gn 1,30).
O novo Código Florestal, para ser ético, deve garantir o cuidado com os biomas e a sobrevivência dos diferentes povos, além de preservar o bom uso da água e permitir o futuro saudável à humanidade e ao ecossistema.
Que o Senhor da vida nos ilumine para que as decisões a serem tomadas se voltem ao bem comum.
Brasília-DF, 30 de novembro de 2011

Cardeal Raymundo Damasceno de Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luis
Vice Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB