29.1.20

Meu Coração.





Meu coração de manhã sístole,
à tarde diástole.
À noite arrítmico
etílico e poético
viaja por mundos encantados
nas páginas de um livro.

Inocência III





Você pediu: Me encante!
Enviei-lhe um correio elegante.
Você pediu: Surpreenda-me!
Fiz um poema.
Você pediu: Me faz sorrir!
Elogiei o café de sua avó.
Você pediu: Me emocione!
Cantei Total eclipse of  the heart
da Bonnie Tyler.
Você pediu: Me ame!
Beijei-lhe ardentemente.
Anoiteceu e uma turbulência nos distanciou,
hoje somos boas lembranças:
éramos inocentes.


Inocência





Conduza-me! Você disse.
Liberte-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o ser e o querer.
Abrace-me! Você disse.
Encante-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o estar e o fugir.
Beije-me! Você disse.
Encontre-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o sentir e o chorar.
Apoie-me! Você disse.
Distingue-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o sonho e o medo.
Abandone-me! Você disse.
Explore-me! Eu respondi.
E ficávamos entre o beijo e a saudade.

A garota do poema II.





Um último beijo eu solicitei
com o gosto típico do café da avó.
No autofalante da praça
tocava Love Hurts.
E eu lhe disse que o amor machuca
você disse que tudo logo passará
somos jovens e que o amor
é uma mentira feita para torná-lo azul.
-Eu era o azul que desbotaria-
O amor machuca, deixa cicatrizes.
Disse-lhe que havia escrito um poema
você não entendeu
Disse-lhe: love hurts, estou ferido
e definharei pelos cantos do mundo.
Você disse sorrindo: o mundo é
redondo e você contornará com facilidade
é só ter cuidado nas curvas do destino.