15.4.09

Gay? Eu?!!!

Como a vida é interessante e como, com um olhar atento podemos “ver” coisas que estão além de nossa visão. Isso não é filosofia cara (não existe filosofia barata) é o olhar atento e as avaliações das pequenas ações e gestos das pessoas que fazem parte da nossa vida.
Caminhando com um amigo numa rua pouco movimentada, ao observar os transeuntes, principalmente as transeuntes, ele fez o seguinte comentário: “Nossa! Que morena bonita.... com essa morena em casa eu.....” Não é necessário terminar a frase pois, o atento leitor já imaginou. Ao ouvir isso quis fazer uma brincadeira dizendo-lhe que ele era Gay e estava de olhos nos rapazes que passavam na rua. O que bem rápido ele respondeu: Gay? Eu sou casado e tenho dois filhos!
Ora meu caro leitor. Meu amigo na hora de elogiar a morena não lembrou que tinha família. E quando mencionei que ele poderia ser gay ele rapidamente se justificou que isso era impossível devido a ter família. Porque será dessa justificativa? Os homens podem ter famílias e desejarem relações extraconjugais com mulheres, mas não podem desejar com homens? Isso tudo é resquício ou explícito preconceito contra a minoria gay, contra o “diferente”.
Alguns conceitos maléficos sobre determinada opção sexual, estão sendo mudados. Espero. Outra frase que cairá em desuso é “ Meu filho é macho! Vai montar touro bravo!”
Para explicar a marginalização da frase acima, levo o leitor ao conto “ O segredo de Brokeback Mountain” (que se tornou filme) da escritora Annie Proulx, a história de uma repentina erupção de paixão sexual entre dois rancheiros pastoreando mil ovelhas em uma pastagem de inverno montanha acima. A paixão prossegue dolorosamente – longas separações e raros, porém explosivos, reencontros – depois de que se casam, e pelo restos de suas vidas. Lembrando que a principal diversão dos dois era montar touros bravos. O conto faz parte do livro Curto Alcance, Editora Intrínseca. Mas se não puder adquirir o livro, assista ao filme (já passou na Globo).
Depois de ler esse texto, acredito que lerá, meu amigo terá que encontrar outra justificativa para afirmar a sua sexualidade. Não acha?

Valter Figueira