14.7.20

Filha de João e Maria




Quando criança, vivia correndo entre os cafezais
O mundo via ali uma linda e tímida menina
Dividia os dias entre o brincar com os irmãos
E ajudar os pais nos trabalhos do dia
É a filha de João, é a filha de Maria

Corria livremente nos quintais da vida
Sonhava e planejava formas de conquistar o mundo
Não esquecendo de colocar a família nos seus planos
E sempre rogava a Deus a divina proteção
É a filha de Maria é a filha de João

O destino lhe presenteou com árduos caminhos
Que a calejou e prontamente a fortaleceu
E por muitas vezes diluiu o cansaço de seu corpo
Mostrava sempre um semblante que a tristeza escondia
É a filha de João é a filha de Maria

Tantas pedras nos caminhos que com maestria contornou
Quantos espinhos que calada suportou
Carregou muitos problemas sem mostrar desânimo
Os choros solitários das noites se transformaram em oração.
É a filha de Maria é a filha de João.

A casa pequena se tornava grande com os filhos
Sete almas que requeriam amor e alimento
Para alimentá-los adaptou a situações antes nunca imaginadas
Mantinha o lar com extrema jovialidade e harmonia
É a filha de João é a filha de Maria.


Os filhos cresceram e vieram os netos e bisnetos trazendo alegria
Mas os problemas ainda não findaram
Surge algo que requer um pouco mais de seu amor
E está lá para doar porque é forte e tem um bom coração
É a filha de Maria é a filha de João.


Não sei o que seria de mim sem o teu amor
Sem a tua luta árdua nesse mundo que não foi fácil
Agradeço imensamente por não ter nunca desistido de nós
Por ser essa mulher forte e guerreira por ser minha mãe
E por ter sempre simplicidade e sabedoria
E digo:
Que sou neto de João, neto de Maria.

Valter Figueira


20.2.20

A dor da despedida



Lentamente retiraste tuas coisas
teus pertences,
e o vento me trouxe
em pequenas doses
a dor da despedida que temia.
Foram dias intermináveis de
silêncio imprudente
que soavam em meus ouvidos
como uma canção de despertar.

Lá fora a chuva
e aqui dentro no coração a umidade
contagia  meu corpo
e as lágrimas produzem
notas tristes de uma canção solitária.

Que pena que você  foi embora
saiba que ficou um vazio imenso
saiba que há muros vazios esperando
seu nome
e eu esperando para trocar

12.2.20

Deixe Estar


Quando me encontro em dificuldades
lembro das palavras de minha mãe,
ela dizia: Deixa estar, deixa pra lá!
A vida é longa para se entristecer
não deixe os espinhos da estrada lhe torturar
lute bravamente por aquilo em que acredita
num dia esplendoroso a vitória conquistará.

Quando eu sofria bullying na escola
e chegava em casa chorando
não queria voltar mais para lá.
Minha mãe dizia:
- Deixa estar! Deixa pra lá!
Aqueles meninos um dia, não muito longe
vão precisar de ajuda e te procurarão.
Lute por aquilo em realmente acredita
num dia tranquilo e sereno a vitória conquistará.

Quando sofro devido a depressão
e penso em até a minha vida acabar
isolo-me em minhas lembranças e digo:
- Deixa estar! Deixa pra lá!
Não deixe uma queda definir o seu destino
aumente o impulso para o abismo ultrapassar.
Lute sem tréguas por aquilo que certamente acredita
num dia de muita alegria a vitória conquistará.

Quando encontro pessoas que me magoam
e penso da minha árdua luta desistir
faço uma profunda reflexão e digo:
- Deixa estar, deixa pra lá!
Não posso deixar que algo pequeno atrapalhe
a autoestima é minha e preciso alimentar
eu luto por aquilo em claramente acredito
e sei que num dia ao brilho do sol a vitória chegará.

29.1.20

Meu Coração.





Meu coração de manhã sístole,
à tarde diástole.
À noite arrítmico
etílico e poético
viaja por mundos encantados
nas páginas de um livro.

Inocência III





Você pediu: Me encante!
Enviei-lhe um correio elegante.
Você pediu: Surpreenda-me!
Fiz um poema.
Você pediu: Me faz sorrir!
Elogiei o café de sua avó.
Você pediu: Me emocione!
Cantei Total eclipse of  the heart
da Bonnie Tyler.
Você pediu: Me ame!
Beijei-lhe ardentemente.
Anoiteceu e uma turbulência nos distanciou,
hoje somos boas lembranças:
éramos inocentes.


Inocência





Conduza-me! Você disse.
Liberte-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o ser e o querer.
Abrace-me! Você disse.
Encante-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o estar e o fugir.
Beije-me! Você disse.
Encontre-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o sentir e o chorar.
Apoie-me! Você disse.
Distingue-se! Eu respondi.
E ficávamos entre o sonho e o medo.
Abandone-me! Você disse.
Explore-me! Eu respondi.
E ficávamos entre o beijo e a saudade.

A garota do poema II.





Um último beijo eu solicitei
com o gosto típico do café da avó.
No autofalante da praça
tocava Love Hurts.
E eu lhe disse que o amor machuca
você disse que tudo logo passará
somos jovens e que o amor
é uma mentira feita para torná-lo azul.
-Eu era o azul que desbotaria-
O amor machuca, deixa cicatrizes.
Disse-lhe que havia escrito um poema
você não entendeu
Disse-lhe: love hurts, estou ferido
e definharei pelos cantos do mundo.
Você disse sorrindo: o mundo é
redondo e você contornará com facilidade
é só ter cuidado nas curvas do destino.