20.3.15

Dia da Felicidade


                       A Felicidade está...
Está no coração de cada ser humano que...
Vive,
           sonha,
                       luta,
                                 vence.

                               A Verdadeira Felicidade está...
Está na alma de cada pessoa que
vive e deixa viver,
                                 luta para que outros vivam,
vence os obstáculos das diferenças sociais,
                           sonha com um mundo harmonioso.

                A Felicidade está...
Está na consciência de cada  indivíduo que
faz o bem sem olhar a quem,
                               não mede esforços quando
o objetivo é fazer o próximo feliz.
                A verdadeira felicidade está...
Está na realização do maior de nossos sonhos,
que é fazer feliz o maior número de pessoas possível.


“A Verdadeira Felicidade está em ajudar ao próximo.”

Valter Figueira
Do livro "Poesias" Ed. Borck 2013.

17.3.15

Por que as pessoas necessitam da dor dos noticiários?

Por Nara Rúbia Ribeiro

Liguei a TV. Algo de medonho havia ocorrido. Dados alarmantes, números bizarros e depoimentos diversos davam notícia de que o futuro havia chegado de mãos dadas com o fim. Tudo pareceu-me desolado. A economia desconsolada, o Judiciário vendido, a democracia vilipendiada. E mortes e insegurança e indignação e desespero… Deus! Quem foi que violentou a alma do mundo para que tudo sangrasse assim,  com tanta força?
Mas eu tive a ousadia de desligar a TV. Eu tive a audácia de não ler jornais. Eu tive o despreparo de andar pela rua e de observar pessoas, coisas e tentar enxergar abstratos.
Uma mãe segurava a mão do filho pequenino e dizia:  – Não, Artur. Depois do “3” não vem já o “5”. Vem o “4”.
Uma senhora sorriu, escorada no umbral da entrada de uma casa, ao perceber a confusão numérica da criança. E prosseguiu observando mãe e filho a sumirem de vista, enquanto acariciava um gato vira-latas que parecia também observar a cena.
Havia flores nos canteiros das casas e crianças uniformizadas, ainda sonolentas, seguiam para a escola. Passarinhos povoavam os fios de alta tensão como se a delicadeza desafiasse a força, como se as penas blindassem as suas almas da violência do mundo. Em meio ao barulho dos automóveis, quem tivesse o ouvido inclinado à beleza poderia ouvir o canto indecifrável desses pássaros.
Um jovem me viu parada a observar essas coisas e perguntou-me: – Você está bem?  A custo compreendi a pergunta, e respondi: – É um bom dia, não é? Ele acenou com a cabeça positivamente, e seguiu caminho.
E vi muitas pessoas sorrindo e contando anedotas. Vi um beija-flor meio perdido entre flores de vida e rosas de plástico, mas ele sobreviveu. Vi pedrinhas coloridas numa calçada. Ouvi o porteiro do prédio a relatar, a um amigo, o desfecho triunfal de sua noite de amor.
E percebi que a ausência da vida é resultante do distanciamento da sua essência. Percebi que as verdades poéticas e cotidianas não são notícia. Quem quer saber de beija-flores confusos ou de pequenos aprendizes matemáticos? Quem quer noticiar a glória de pássaros que desafiam a insensibilidade das almas? Quem quer saber de tudo isso se nem sabe que isso existe?
As pessoas necessitam da dor dos noticiários. Necessitam de ver o sangue, a violência, a podridão do mundo porque querem urgente e desesperadamente compreender o que lhes dói. Elas precisam saber o que fez do seu peito um oco, um vazio, um vão imensurável e doído. Elas precisam saber da origem do nada que as incomoda, o nascedouro do apego ao concreto, a gênese de sua indiferença, a origem do medo generalizado que arrebata o sentido. E é isso que o noticiário vende!
Estou farta de ver holofotes plenos à mediocridade dos homens. É preciso entender que o Homem é maior do que é. É preciso compreender e amar a beleza que germina  em todas as coisas e antever a árvore frondosa e a doçura do fruto. É preciso valorar as pequenas delicadezas, as imperceptíveis gentilezas. É preciso ver a beleza que existe, talvez ainda embrionária, em cada um. É preciso que a alma não se renda à morte vendida nos noticiários, e ainda se mostre rendilhada e rebordada na afeição de pequenos e reiterados gestos.
Por isso eu o convido, hoje, a ter a ousadia de desligar a TV, de desconectar-se das redes sociais que tantas vezes destilam ódio, de não ler jornais. Convido a fazer uso do seu wi-fi interior. Da sua antena superior. E conectar-se às belezas que o circundam. Sintonizar-se com o encantamento que paira sobre o inusitado das existências anônimas, das pessoas anônimas, dos objetos e seres desimportantes. Afinal, se essa beleza nos preenche, porque haveríamos de justificar os vazios?
Goiânia, 13 de março de 2015


Nara Rúbia Ribeiro

Escritora, advogada e professora universitária.
Administradora da página oficial do escritor moçambicano Mia Couto.
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