Quando deparamos com o
processo eleitoral, ou melhor com a época de campanha é que procuramos saber o
que de fato fez aquele candidato que, não votamos nele e nem entendemos como
ele foi eleito. É claro que sabemos como ele foi eleito, afinal existe gente
que vota em alguns tipos que realmente dá vergonha de ser representado pelo
sujeito.
Para me explicar como é o
processo, ou melhor, para exemplificar que nos cargos eletivos existe alguns
que não poderia estar lá. Entrevistei o Sr. X, legislador e candidato a um novo
mandato. Vamos a entrevista.
Eu: Gostaria que o Sr. explicasse
como foi o seu dia de trabalho hoje.
Sr. X: Me chama de Excelência,
afinal de contas você está falando com uma autoridade.
Eu: Tudo bem Excelência,
como estou lhe entrevistando para um artigo sobre o trabalho de um legislador
me conte como foi o seu dia hoje.
Sr. X: Bem começamos com
uma oração, porque é importante glorificar a Deus e agradecer por tudo que
conquistamos. Tivemos uma reunião com secretários e depois com os meus
correligionários.
Eu: Excelência, o Sr. está
sendo acusado de desviar 50 por cento da verba para a construção de uma ponte.
Que inclusive está com problema estrutural.
Sr. X: Bem uma parte foi
direcionado para a obra de Deus, Ele sabe o quanto oramos e o quanto fazemos
para Sua obra. A ponte está bem, todos os dias oramos para que nada demais
aconteça com ela.
Eu: O Sr. Está informado
que hoje, com a passagem de um caminhão carregado de madeira ela trincou.
Sr. X: Quem foi o pecador
que passou por lá e permitiu que ela trincasse? Só pode ser um filho do diabo.
Uma pessoa carregada de pecados.
Eu: Olha Sr. X, foi o seu
irmão dirigindo um caminhão vindo de sua fazenda.
Sr. X: Então deve ser
esse povo pecador da cidade que não ora e não pratica a vontade de Deus.
Eu: Mas Sr. Excelência, a
ponte está caindo e vai acabar matando pessoas, tudo porque usaram material
inferior, porque a verba foi desviada.
Sr. X: Lembre e escreva
aí. Desviada para uma obra de Deus. Deus protegerá as pessoas dessa cidade.
Eu. Excelência, mas estão
dizendo que o dinheiro desviado foi para construir uma piscina e churrasqueira
em sua mansão.
Sr. X. Então, minha casa também
é uma obra de Deus. Afinal sou o mensageiro de Deus.
Eu: O sr. Não acha que o
senhor é muito desonesto para ser mensageiro de Deus.
Sr. X: Vamos terminar
essa entrevista.
Eu: mas o senhor é
candidato. Fale como será sua campanha.
Sr. X: O povo sabe quem
eu sou. Sabe que metade do meu salário vai para a igreja e para as cestas
básicas que a igreja distribui.
Eu: Mas Excelência,
distribuir cestas básicas é compra de votos.
Sr. X: Você, rapazinho
insolente, não entende de política.
O sujeito, homem de Deus,
construtor da obra divina, fechou o semblante e ameaçou jogar um cinzeiro em
mim. Ao sair, contemplei a fachada de sua casa e imaginei o quanto de dízimo e
desvio de verbas foi empregado ali. Ao lado do portão um cartaz com o sujeito
com cara de pedinte e a frase vote em mim.
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