Eu não encontrei um título mais chamativo para o
meu texto. Encontrei sim. Poderia nomear de “Um exemplo de vida” ou “ Um
exemplo de superação”. Ficaria muito comum e chamaria mais a atenção. Eu não
quero leitores em busca de um texto de autoajuda e sim leitores de uma história
real e brilhante. A história de Dona Elizabeth.
Nos meus primeiros dias como diretor da Escola
Monteiro Lobato, quando tudo estava entrando nos eixos, aparece uma senhora
demonstrando humildade, mas com um olhar jovial e encantador querendo estudar. Logo
lhe informei que o EJA (educação de jovens e adultos) não iria funcionar nesse
ano, ela simplesmente me disse que estudaria com as crianças. Para mim e para
os professores era uma novidade, um desafio. Eu não acreditava que ela
engajaria nos estudos e desse continuidade. Agora, quase no meio do ano ela
continua firme, forte e feliz por estar aprendendo a ler e escrever.
A senhora Elizabeth Chaves dos Santos, casada com o
senhor José Vicente dos Santos, agricultores, mora na MT 208, Sítio São José.
Nasceu em 18 de Outubro de 1950 na cidade de Poções no Estado da Bahia. Criança
ainda foi para o Paraná onde cresceu e frequentou muito pouco a escola. Trabalhou
muito, quando criança no plantio e colheita do algodão, o que dificultava a
continuidade dos estudos. No Paraná conheceu José que o acompanha até hoje. Com
o José foi para Alagoas, algum tempo depois retornaram para o Estado de São
Paulo e de lá para Carlinda. Chegou em Carlinda em 1986 e desde essa época,
tirando alguns intervalos que foi para Alta Floresta, morou no sítio São José.
Nessa caminhada da vida ela declara que teve mais momentos de felicidades do
que de tristeza. E sua maior alegria é poder contar sempre com seus familiares
e ao mesmo tempo, o que deixa triste é que uns dos filhos não estar mais com
ela, faleceu num acidente de trânsito, e recentemente perdeu uma irmã que
faleceu no estado de São Paulo.
Dona Elizabeth disse que procurou a escola porque
queria aprender mais e se sentia constrangida por não saber ler. O pouco que
estudou antes não deu bagagem suficiente para ler da forma que queria. Gosta de
estudar com as crianças e de certa forma elas a incentiva a continuar sempre. Não
sente vergonha, as crianças respeitam e até ajudam. E com um sorriso no rosto dá
um recado para os “velhos” e para os jovens também dizendo que é bom saber ler
e escrever e que é muito gratificante fazer parte da escola que é sua segunda
casa.
Valter Figueira
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