Mais um poeta haicaísta que
muito contribui e contribui para o nosso saber literário:
Guilherme de Almeida (Guilherme de Andrade de Almeida), advogado,
jornalista, poeta, ensaísta e tradutor, nasceu em Campinas, SP, em 24 de julho
de 1890, e faleceu em São Paulo, SP, em 11 de julho de 1969. Em 1932 participou
da Revolução Constitucionalista de São Paulo. Em concurso organizado pelo
Correio da Manhã foi eleito, em 16 de setembro de 1959, “Príncipe dos Poetas
Brasileiros”. Um dos promotores da Semana de Arte Moderna, em 1922, foi
fundador da Klaxon, a principal revista dos modernistas. Principais obras: Nós, poesia (1917); A dança das
horas, poesia (1919); Messidor, poesia (1919); Livro de horas de Soror
Dolorosa, poesia (1920); Era uma vez..., poesia (1922); A flauta que eu perdi,
poesia (1924); Meu, poesia (1925); Raça, poesia (1925); Encantamento, poesia
(1925); Do sentimento nacionalista na poesia brasileira, ensaio (1926); Ritmo,
elemento de expressão, ensaio (1926); Simplicidade, poesia (1929); Você, poesia
(1931); Poemas escolhidos (1931); Acaso, poesia (1938); Poesia vária (1947);
Toda a poesia (1953).
Consolo
A noite chorou
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.
Os andaimes
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
Pescaria
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.
Romance
E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.
O haicai
Lava, escorre, agita
a areia. E enfim, na bateia,
fica uma pepita.
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.
Os andaimes
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
Pescaria
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.
Romance
E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.
O haicai
Lava, escorre, agita
a areia. E enfim, na bateia,
fica uma pepita.
O pensamento
O ar. A folha. A fuga.
No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.
Hora de ter saudade
Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)
O ar. A folha. A fuga.
No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.
Hora de ter saudade
Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)
Infância
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
Cigarra
Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
Consolo
A noite chorou
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.
Chuva de primavera
Vê como se atraem
nos fios os pingos frios!
E juntam-se. E caem.
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
Cigarra
Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
Consolo
A noite chorou
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.
Chuva de primavera
Vê como se atraem
nos fios os pingos frios!
E juntam-se. E caem.
Noturno
Na cidade, a lua:
a joia branca que boia
na lama da rua.
Os andaimes
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
Na cidade, a lua:
a joia branca que boia
na lama da rua.
Os andaimes
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
Tristeza
Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?
Pescaria
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.
Janeiro
Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.
De noite
Uma árvore nua
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?
Frio
Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?
Festa móvel
Nós dois? - Não me lembro.
Quando era que a primavera
caía em setembro?
Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?
Pescaria
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.
Janeiro
Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.
De noite
Uma árvore nua
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?
Frio
Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?
Festa móvel
Nós dois? - Não me lembro.
Quando era que a primavera
caía em setembro?
Romance
E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.
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