Seguindo nossa caminhada literária pelos poetas haicaístas, o
espaço de hoje é dedicado a poetisa Helena
Kolody, paranaense, professora, foi a primeira mulher brasileira a utilizar
a estrutura haicai em suas poesias.
Helena Kolody (1912-2004) considerada uma das
maiores representantes literárias do Estado do Paraná. Nasceu na cidade de Cruz
Machado, no Paraná, no dia 12 de outubro de 1912. Com 12 anos escreveu seus
primeiros versos. Em 1928, com 16 anos, tem seu poema “A Lágrima” pulicado na
revista “Marinha”, de Paranaguá, a maior divulgadora de sua obra. Em 1941,
Helena Kolody publicou seu primeiro livro “Paisagem Interior”. Em 1941,
escreveu seus primeiros haicais, sendo criticada, por não ter rima, mas
continuou publicando essa forma de poesia. Grande parte de sua vida foi
dedicada à poesia. Faleceu em Curitiba, Paraná, no dia 15 de fevereiro de 2004.
Alguns
haicais de Helena Kolody:
A flecha de sol
pinta
estrelas na vidraça.
Despede-se
o dia.
Bate breve o gongo.
Na
amplidão do templo ecoa
o som
lento e longo.
Corrida no parque.
O
menino inválido
aplaude
os atletas.
Da estátua de areia
nada restará
depois da maré cheia
Depois será sempre agora
viajarei pelas galáxias
universo afora
Dormem as papoulas
a lua sonha no céu
vigiam os grilos
Em líquidos caules,
irisadas
flores d'água
cintilam
ao sol.
Festa das Lanternas!
Os
ipês estão luzindo
De
globos cor-de-ouro.
Luar nos cabelos.
Constelações
na memória.
Orvalho
no olhar.
Manhã nas flores do cardo
leve poeira de orvalho
manhã no deserto
Nas flores do cardo,
leve
poeira de orvalho.
Manhã
no deserto.
Nas mãos inspiradas
nascem
antigas palavras
com novo
matiz.
O brilho da lâmpada,
no
interior da morada,
empalidece
as estrelas.
Os olhos do amado
esqueceram-se nos teus.
Perdidos em sonho
Para quem viaja
ao encontro do sol
é sempre madrugada.
Puseste a gaiola
suspensa dum ramo em flor
num dia de sol
Pintou estrelas no muro
e teve o
céu
ao
alcance das mãos.
Será sempre agora.
Viajarei
pelas galáxias
universo
afora.
Tão longa a jornada!
E a gente
cai, de repente,
No abismo
do nada.
Trêmula gota de
orvalho
Presa
na teia de aranha,
rebrilhando
como estrela.
Um sabiá cantou.
Longe,
dançou o arvoredo.
Choveram
saudades.
Voo solitário
na fímbria da noite
em busca do pouso distante
Um comentário:
Como diz o poeta Edson Kenji ; "Sendo a menor forma poética do mundo, certamente é também a que traz maior satisfação." Satifação também em que lê. Paz e poesia !!!
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