30.5.16

Elizabeth. Simplesmente Elizabeth.



Eu não encontrei um título mais chamativo para o meu texto. Encontrei sim. Poderia nomear de “Um exemplo de vida” ou “ Um exemplo de superação”. Ficaria muito comum e chamaria mais a atenção. Eu não quero leitores em busca de um texto de autoajuda e sim leitores de uma história real e brilhante. A história de Dona Elizabeth.
Nos meus primeiros dias como diretor da Escola Monteiro Lobato, quando tudo estava entrando nos eixos, aparece uma senhora demonstrando humildade, mas com um olhar jovial e encantador querendo estudar. Logo lhe informei que o EJA (educação de jovens e adultos) não iria funcionar nesse ano, ela simplesmente me disse que estudaria com as crianças. Para mim e para os professores era uma novidade, um desafio. Eu não acreditava que ela engajaria nos estudos e desse continuidade. Agora, quase no meio do ano ela continua firme, forte e feliz por estar aprendendo a ler e escrever.
A senhora Elizabeth Chaves dos Santos, casada com o senhor José Vicente dos Santos, agricultores, mora na MT 208, Sítio São José. Nasceu em 18 de Outubro de 1950 na cidade de Poções no Estado da Bahia. Criança ainda foi para o Paraná onde cresceu e frequentou muito pouco a escola. Trabalhou muito, quando criança no plantio e colheita do algodão, o que dificultava a continuidade dos estudos. No Paraná conheceu José que o acompanha até hoje. Com o José foi para Alagoas, algum tempo depois retornaram para o Estado de São Paulo e de lá para Carlinda. Chegou em Carlinda em 1986 e desde essa época, tirando alguns intervalos que foi para Alta Floresta, morou no sítio São José. Nessa caminhada da vida ela declara que teve mais momentos de felicidades do que de tristeza. E sua maior alegria é poder contar sempre com seus familiares e ao mesmo tempo, o que deixa triste é que uns dos filhos não estar mais com ela, faleceu num acidente de trânsito, e recentemente perdeu uma irmã que faleceu no estado de São Paulo.
Dona Elizabeth disse que procurou a escola porque queria aprender mais e se sentia constrangida por não saber ler. O pouco que estudou antes não deu bagagem suficiente para ler da forma que queria. Gosta de estudar com as crianças e de certa forma elas a incentiva a continuar sempre. Não sente vergonha, as crianças respeitam e até ajudam. E com um sorriso no rosto dá um recado para os “velhos” e para os jovens também dizendo que é bom saber ler e escrever e que é muito gratificante fazer parte da escola que é sua segunda casa.

Valter Figueira